Sequência Didática
Deriva continental e a formação dos continentes
Nosso planeta nem sempre teve a configuração que conhecemos. Há milhões de anos, por exemplo, África e América do Sul estavam ligadas. Explique aos alunos as causas de tantas mudanças
Imagem: site "Espaço Ciências": www.espacociencias.com
Objetivos
Entender o surgimento dos seis continentes a partir da deriva dos continentes
Conteúdos
- Teoria da deriva continental e a formação dos continentes
- Tectônica de placas (ou placas tectônicas) e a permanente transformação da Litosfera
- Tempo geológico e sequencia de eventos geológicos
Tempo estimado
Duas aulas
Anos
Ensino Médio
Materiais necessários
- Cópias da reportagem "Mauritia, um microcontinente submerso no Oceano Índico", disponível no site de Veja.
- Mapas da Terra no período da deriva continental (você pode encontrá-los em atlas, livros de geografia ou sites especializados como o disponível no site do Laboratório Nacional de Energia e Geologia. A imagem que ilustra este plano de aula - na parte superior, logo após o título - também é um recurso que pode ajudá-lo
- Projetor de imagens para apresentar os mapas geológicos ou mapas impressos para os alunos
- Cartolinas, papel colorido, cola, canetinhas e lápis de cor
Introdução
Recentemente foi descoberto mais uma peça chave para entender o passado da Terra: o micro- continente Mauritia, que existiu há vários milhões de anos, quando os continentes estavam longe da configuração atual. Como mostrou a reportagem da revista Veja , Mauritia existiu no período do supercontinente Rodínia, formado entre 1,1 bilhão e 750 milhões de anos atrás. Esteve entre as porções continentais da atual Índia e de Madagascar antes mesmo da Pangéia (em grego, "única terra"), conhecida por ter sido um grande bloco de terra firme que existiu há quase 300 milhões de anos, a partir de onde os continentes começaram sua deriva rumo à posição que conhecemos atualmente.
O território foi coberto por magma e submerso pelas águas que surgiram na abertura do Oceano Indico. Sua descoberta foi possível graças aos cientistas e, claro, aos processos tectônicos do planeta. Mauritia esteve escondida à kilômetros de profundidade no Oceano Índico, abaixo de camadas de processos geológicos que ocorreram posteriormente, ao longo do tempo. E só a erupção de um vulcão há quase dez milhões de anos fez ressurgir fragmentos de Mauritia nos grãos de areia das ilhas Maurício.
Essa sequência de eventos geológicos conta a história da formação do nosso planeta e mostra as condições que deram origem à diversidade das formas de vida terrestre. Atestam também que as descobertas científicas sempre nos ajudam a reformular as teorias da nossa antiga história natural.
Mas o que faz essa dança das massas de terra no planeta, transformando a configuração dos continentes, bem como as formações do relevo e das paisagens? Para pensar a esse respeito ajude seus alunos a entenderem o que são as placas tectônicas e o que é a teoria da deriva continental.
Desenvolvimento
1º etapa
Primeiro conte aos estudantes sobre a descoberta recente dos fragmentos de Mauritia nas ilhas Maurício. Sugira uma leitura coletiva da reportagem publicada no site de Veja.
Algo considerado difícil na apreensão desse conhecimento por parte dos alunos é criar as imagens mentais de tais processos, por isso faça desenhos na lousa que ilustrem minimamente a sucessão dos principais acontecimentos até a revelação dos cientistas.
Caso tenha disponibilidade de equipamentos de informatica e rede de internet, utilize-os para apresentar vídeos e imagens capazes de mostrar os eventos geológicos de forma dinâmica, facilitando a aprendizagem sobre a noção do tempo geológico e a permanente transformação dos continentes. As imagens podem ser encontradas na internet, como as sugestões do site de Veja e do site do Laboratório Nacional de Energia e Geologia, indicados ao longo deste plano de aula. A imagem que ilustra este plano (na parte de cima, logo após o título) é uma sugestão.
2º etapa
Depois de estimulá-los com a notícia sobre a descoberta científica, dê uma aula expositiva sobre Tectônica de Placas e a Deriva Continental. Para apoiá-lo você pode usar alguns recursos como infográficos e imagens, conforme a estrutura disponível na sua escola.
Algumas alternativas: clique aqui e visualize o infográfico preparado pela equipe de Veja para apresentar a evolução dos continentes.
Ou acesse aqui o pôster disponível no site do Laboratório Nacional de Energia e Geologia. Outra sugestão é usar a imagem que ilustra este plano de aula, na parte de cima desta página, logo após o título.
No momento da exposição do conteúdo, comece explicando que a Terra está em permanente construção e destruição da sua Litosfera. Conte que o cientista alemão Alfred Wegener, depois de constatar que a fauna e a flora da costa leste da América do Sul e oeste da África apresentavam curiosas semelhanças, defendeu em 1915 a existência da deriva dos continentes. Porém, como Wegener não conseguiu provar o porquê do deslocamento e separação das porções terrestres, suas teorias não foram aceitas naquele momento.
Na década de 1950, cientistas americanos perceberam que o solo dos oceanos se movia. Mas foi apenas com as imagens de satélite que, em 1960, a Agência Espacial Norte Americana (Nasa) provou que as distâncias entre os continentes variam. Então Wegener estava correto em suas hipóteses. A teoria da deriva continental foi então aperfeiçoada e incorporada na teoria da Tectônica de Placas, considerada a mais consistente interpretação sobre o fenômeno da modificação constante da Litosfera.
A deriva continental já mencionava a Pangéia, período em que os continentes existentes se reuniram em um único bloco continental, há quase 300 milhões de anos. Um movimento de fragmentação iniciou a primeira separação entre a porção norte e sul de Pangéia, gerando Laurásia e Gondwana. A partir disso então tem origem a separação entre América do Norte e Eurásia, bem como a América do Sul da África e a Austrália da Antártida.
Explique que, nesse processo de deriva continental, a Índia, que estava ao sul de Gondwana, se desprendeu da África em direção ao sul da Ásia, deixando no caminho o pequeníssimo continente de Mauritia. O Oceano Atlântico se abriu e foram definidos os oceanos Índico e Pacífico. Foi há menos que 20 milhões de anos atrás que os continentes se configuraram assim como os conhecemos atualmente.
Porém, Pangéia não foi o mais longe que fomos com evidências geológicas para conhecer o passado. Depois do cientista Wegener prenunciar Pangéia, ficou conhecida tambéma existência ainda mais remota de Rodínia, formado entre 1,1 bilhão e 750 milhões de anos atrás, e Panótia, quando Rodínia começa a se fragmentar cerca de 600 milhões e 540 milhões de anos atrás. Note que Rodínia foi no período em que Mauritia foi formada.
Para apreender esse movimento, faça com os estudantes um esquema gráfico que ilustre a sequência da configuração dos seis continentes atuais. No entanto, esse processo será enriquecido se, antes, os estudantes conhecerem mais sobre os motivos que levam os continentes a se deslocarem. Daí a Tectônica de Placas.
Como a palavra grega tektoniké significa "arte de construir", associe a ideia da tectônica com a lenta e contínua transformação dos continentes. As placas tectônicas são a própria crosta terrestre que "flutua" sobre o magma, viscoso e quente, que está no manto superior da Terra. As elevadas temperaturas do magma liberam calor e essa energia é responsável pelas correntes de convecção.
As correntes de convecção transportam materiais quentes do manto para cima e materiais resfriados para seu interior, causando assim a movimentação das placas tectônicas. Como evidência desse fluxo de materiais e do deslocamento das placas, temos os vulcões, o terremotos, e também o surgimento das montanhas. Mostre aos alunos uma imagem do mosaico atual das placas tectônicas, fazendo com que percebam as regiões de vulcões e terremotos do planeta. Essas imagens podem ser encontradas em livros didáticos utilizados na sua escola, atlas e outros livros de geografia e também na internet.
3º etapa
Transforme a imaginação numa prática de ilustração e colagem. Por isso, uma aula a mais é necessária para concluir o plano deste trabalho. Distribua aos alunos uma folha onde consta, de forma embaralhada, cada fase desse fenômeno da separação dos continentes. Atlas geográficos escolares, como, por exemplo, do IBGE, contém mapas com a sequencia mencionada de forma didática.
Proponha que pintem os continentes e então recortem os quadros. Feito isso, peça que colem os quadros numa cartolina individual, de modo a ordená-los numa sequência histórica satisfatória, como trabalhada em sala de aula. Peça aos alunos que entreguem seus paineis para a avaliação da aprendizagem.
Avaliação
Observe o interesse e participação dos alunos nas discussões e atividades em sala de aula. Por meio do painel entregue, avalie se os estudantes compreenderam a deriva continental enquanto princípio da formação dos continentes.
Virna Carvalho David
Geógrafa e autora de livros didáticos